Hagiografia

Está disponível na marxists.org um texto de Paul Lafargue sobre o seu sogro: Recordações pessoais sobre Karl Marx.

Este texto foi publicado no Brasil no livro "A Filosofia de Carlos Marx", Editora Vitória e depois em "O Capital de Karl Marx", Conrad Editora. Em Portugal surgiu em Marx no seu tempo da editora Dinossauro. Já aqui tinha publicado um trecho de um outro texto retirado desta última edição: Informe secreto da polícia prussiana.

Aqui vai mais um bocado de hagiografia:

"Era pai doce, terno e indulgente. “Os filhos deviam educar os pais”, costumava dizer. Nunca fez sentir aos filhos, que o amavam com loucura, a mais insignificante partícula de autoridade. Não lhes dava ordens, mas pedia-lhes as coisas por obséquio, persuadindo-os a não fazer aquilo que fosse contrário aos seus desejos. Apesar disso, era obedecido como poucos pais o seriam. Suas filhas viam nele um amigo e o tratavam com camaradagem. Não o chamavam de “pai”, mas sim de “Mouro”, apelido que lhe haviam dado por causa de sua cor mate, de sua barba e cabelos negros. Em compensação, desde antes de 1848, os membros da Liga dos Comunistas chamavam-no de “pai Marx”, apesar de ele ainda não ter 30 anos nessa época.

Muitas vezes acontecia passar horas inteiras brincando com as filhas. Elas não esqueciam as batalhas navais travadas dentro de um barril, com os incêndios de frotas inteiras de barcos de papel, que Marx construía e queimava, com enorme entusiasmo das pequenas.

Suas filhas não lhe permitiam trabalhar aos domingos. Era um dia reservado para elas. Quando fazia bom tempo, toda a família ia passear no campo. Detinham-se nas pousadas do caminho para beber cerveja de gengibre e comer pão e queijo. Quando as filhas eram pequenas, procurava distraí-las, durante o passeio, contando-lhes intermináveis histórias de fadas, para que o caminho lhes parecesse mais curto. O próprio Marx inventava tais estórias enquanto andavam, que se tornavam mais longas na razão direta da extensão do caminho. De maneira que as meninas, atentas aos contos, esqueciam as fadigas."





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